PROJETOS APRESENTAM PROTAGONISMO FEMININO NA PROFISSÃO

Maioria nas universidades e no mercado de trabalho, mulheres enfrentam dificuldades de acessos e reconhecimento

Por Bruna Suptitz

Foto Sergio Torres

"Você consegue citar o nome de três arquitetas mulheres, reconhecidas nacional ou internacionalmente?"

A partir desse questionamento surgiu, em 2014, o coletivo Arquitetas Invisíveis, que instiga as profissionais da arquitetura a buscarem referências femininas para seus trabalhos. O trabalho desenvolvido desde então foi apresentado na tarde desta sexta-feira, 11, no painel "Mulheres e arquitetura: atuação e estratégias", no 21º Congresso Brasileiros de Arquitetos, em Porto Alegre.

"Precisamos discutir mais profundamente a invisibilidade. Como a ausência de mulheres diminui o potencial da arquitetura que vivenciamos diariamente?" insiste em questionar Luiza Dias, uma das fundadoras do projeto, ainda durante a graduação.

Observar uma coletânea da Folha de São Paulo sobre grandes nomes da arquitetura - de 18 volumes, apenas um falava sobre uma mulher - evidenciou o que Luiza e as colegas já observavam em sala de aula: os teóricos estudados são sempre homens. Hoje no mestrado, Luiza percebe que a dificuldade permanece, e estimula as estudantes a provocar uma mudança de cenário.

"Quando forem sugerir ao professor estudar mais mulheres, já leva junto uma lista de sugestões", brinca. Essa lista pode ser acessada no site criado pelo grupo - que também já fez parceria com o ArchDaily para produção de conteúdo, produziu duas revistas e lançou recentemente um podcast.

Questionamento como o feito pela Luiza provocou outras mulheres a mobilizar suas redes para repensar o seu papel profissional e quem as inspira. Partindo de um ponto bastante semelhante, Gabriela Matos provocou a plateia, formada majoritariamente por mulheres e estudantes: perguntou quem poderia citar o nome de uma arquiteta negra.

A falta de resposta não surpreendeu, já que é uma constante. Nasceu disso o projeto Arquitetas Negras. E a primeira barreira encontrada foi da dificuldade de se conectar com outras mulheres negras na profissão. Gabriela observa que o senso do Conselho de Arquitetura e Urbanismo não faz recorte social, dado importante para que se possa, a partir disso, construir políticas direcionadas.

Gabriela então lançou, no início do ano passado, um questionário para identificar onde estão essas profissionais. Além das perguntas para entender como se formaram e como se inseriram no mercado de trabalho, foi pedido uma pequena biografia de cada uma, que fará parte de um banco de dados públicos do projeto.

Hoje 370 arquitetas negras de todo o Brasil estão cadastradas nessa plataforma, pelo menos uma de cada Estado. Destas, 84% trabalham em escritórios próprios. "Chamo atenção para isso porque não significa que mulheres negras são mais empreendedoras. Entendemos que essa parcela está tendo dificuldade de acessar vagas em escritórios, e por isso trabalham como autônomas", avalia.

Mudança de nome a partir da vivência

No início do painel, a mediadora Paula Motta apresentou um dado de pesquisa do CAU: mulheres são 63% das profissionais de arquitetura e 68% das estudantes.

"Podem ter 100 mulheres, mas se tiver um homem, se chama 'arquitetos'", reclama Helena Lana, representante da associação Arquitetas Sem Fronteiras, que nasceu em 2003 com o nome flexionado para o gênero masculino. "Desde 2016 havia um incômodo porque, em sua maioria, as associadas são mulheres", explica.

Em Belo Horizonte, a associação trabalha com assessoria técnica a comunidades, permitindo aos moradores se credenciarem como protagonistas dos seus projetos. "Em todos esses processos, são as mulheres que sempre encabeçam. Elas estão mais à frente das questões da casa, vão buscar os seus direitos prioritariamente", conta Helena.



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