Por Clarissa Pont
Foto Cintia Rodrigues
A cultura e a memo´ria como elementos importantes no ato de projetar – este foi o mote da palestra que lotou o Auditório Barbosa Lessa na manhã deste sábado, 12. Fla´vio Kiefer, da Kiefer Arquitetos, professor na PUCRS e ex-diretor do Instituto de Cultura da PUCRS apresentou sua experie^ncia em projetos de restaurac¸a~o, reaproveitamento de edifi´cios histo´ricos e projetos de centros culturais como o da Vila Santa Theresa, em Bagé (RS) e a Casa dos Rosa, em Novo Hamburgo (RS). Além destes, Kiefer foi responsável pelos projetos de restauro da Casa de Cultura Mario Quintana e do próprio Centro Cultural Erico Verissimo.
“Um dos maiores desafios da arquitetura contemporânea é juntar o novo com o antigo. Como temos muito patrimônio, já há um intenso tecido constituído, nunca estamos trabalhando do zero. E acho que são essas conexões do novo com o antigo que nos deixam mais enlouquecidos”, explica Kiefer. E´ na rearquitetura, termo que define o projetar sobre o projetado, que acontecem interessantes adaptac¸ões de uso e um novo legado para futuras gerac¸o~es.
“Projetos de intervenção no patrimônio construído podem sempre trazer algo novo, não precisamos ter o passado como inimigo e nem devemos nos submeter a ele como onipotente. Vivemos no presente e é no presente que atuamos com nossas memórias e sonhos. Devemos tratar também da infraestrutura simbólica, de uma arquitetura que pode e deve ser portadora de memória, algo intangível, mas que é tão necessário como o pão de todo dia”, ponderou Marcelo Ferraz, da Brasil Arquitetura. Ferraz é ainda professor da Escola da Cidade (SP), dirigiu o Instituto Lina Bo e P. M. Bardi de 1992 a 2001 e o Programa Monumenta do Ministe´rio da Cultura. O arquiteto possui va´rios projetos com premiac¸o~es no Brasil e exterior, muitos desses relacionados a` tema´tica da recuperac¸a~o do patrimo^nio histo´rico.
No Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, apresentou projetos como o da Ladeira da Misericórdia e do Museu Rodin, ambos em Salvador (BA), o Museu do Pão, em Ilópolis (RS) e o do Museu das Missões, em São Miguel das Missões (RS). E ressaltou: “Saudosismo não faz bem pra arquitetura. No Museu do Pão, por exemplo, não ficamos estancados no moinho, temos o Museu e uma escola de padeiros e confeiteiros para dar vida ao projeto. Basta olhar a nossa volta, a cidade livre não existe em sua plenitude. A cidade só vai ser boa para todos, com inserção social e política”.